quarta-feira, 11 de maio de 2011

METAMORFOSES - PUBLICADA NO JORNAL NOVA ESPERANÇA - 10

Metamorfoses. Interrogo-me sobre o que serão as reais alterações de fundo que tentamos desenvolver e, percorridos vários anos desta curta vida, descobrimos que nunca teremos tempo de elaborar todo o pretendido.

Olhar de fora torna mais fácil percorrer o espaço do que foi até aquilo que é. Nessa caminhada… nem sempre encontramos o enquadramento certo, que nos faculte agarrar a perspectiva mais ampla. Previ que lutaria sempre por conseguir abarcar todos os ângulos existentes para que, dessa posição sobranceira, conseguisse empurrar as sombras e pudesse ver a linha do horizonte com o olhar despido de influências e preconceitos. Não quebrar essa promessa íntima permite encontrar explicações sobre pormenores inexplicáveis sob o olhar transversal a que nos habituamos no quotidiano.

Compreender-me é um passo de gigante para conseguir enquadrar o espaço que nos é facultado ter aqui. Motivar a nossa existência a contrariar a comunidade da potencial realidade nefasta é uma tarefa contínua pois, nos momentos menos fortes, interrogamo-nos sobre a valia do nosso querer. A acção pode tornar-se refém das forças adversas, que em muitos casos estão firmes no tradicional e não libertam espaço á evolução. Abanar essa firmeza é por vezes duplamente doloroso. As forças tornam-se contrárias nos dois sentidos. A caminhada da evolução encontra resistências na sobrecarga que coloca na realidade com o movimento inovador inevitável porque nada será como foi. A realidade despoja-se de parte da sua força e vê-se obrigada a permitir a entrada de novos pormenores, que abrem espaço e iniciam a caminhada de afastamento do passado. Este movimento enriquece e fortalece qualquer comunidade e o seu elemento mais valioso será sempre a mente comum. A capacidade de promover a amplitude, que vai do dia de ontem até ao dia de amanhã, sustenta e alimenta a vivência ao longo dos séculos. Nesta fatia de tempo encontrámos escolhas certas e erradas. A inteligência de um povo, não está em não errar, estará sempre em errar e não cometer os mesmos erros. Aprendizagem…

Encaramos a vida de um povo de modo igual à existência de um humano. No entanto, esquecemos de olhar atrás e tentar perceber se lá foram criadas as bases para manter a essência e o resumo das gerações e, no caso de as encontrarmos, só nos resta a nós, elementos que fazemos parte de um todo, efectuar a manutenção dessa matriz. Hoje não somos só nós… carregamos o suor, a dor, as tristezas e alegrias de quem começou a colocar pegadas na caminhada. Não transmitir as virtudes dessas existências passadas é empurrar as gerações mais novas para uma ravina com águas profundas.