segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A IMPORTÂNCIA da DEMOGRAFIA do CONCELHO de PENACOVA

            Compreender um concelho e a sua realidade demográfica comporta a necessidade de um conhecimento concreto e aprofundado da sua população. Consequentemente, a sua estratificação, evolução e características sócio-culturais obrigam a fazer-se um enquadramento em perspectiva do seu crescimento na região onde está inserido.
O estudo sobre uma população encontra o seu produto no número total de indivíduos (homens e mulheres em conjunto e em separado), nos grupos etários (jovens, adultos e idosos), nos nascimentos, óbitos, fluxos de imigração e de emigração. Daqui resulta a análise que permite, através de cálculo de taxas, índices e saldos, perceber quais as dinâmicas existentes na interacção dos indivíduos da população. Isto faculta a construção de possíveis cenários, que podem dar um bom contributo na tomada de decisões sobre caminhos a seguir no encontro da satisfação das necessidades da vida e do conforto das comunidades. Assim como, contribuem positivamente no apontar de um melhor curso do plano estratégico para que, no momento final, seja alcançada a eficiência e a eficácia da utilização dos recursos pois, como sabemos, são insuficientes.
População Penacova
Baixo Mondego Nut II

Total
Homens
Mulheres

1970
17278
7190
9150

1981
17351
8120
9263

1991
16748
7657
8707

2001
16725
7636
8514
340309
2011
14980
6984
7996
335399
O total de população de Penacova desde os últimos censos tem sido inferior a 20000 indivíduos. A tabela apresentada demonstra que o concelho teve um ligeiro acréscimo de população entre 1970 e 1981. Neste período estão incluídos dois acontecimentos excepcionais, que influenciaram as dinâmicas da população. O primeiro refere-se ao fluxo de entrada de população vinda dos territórios ultramarinos e o segundo refere-se à última grande vaga emigratória, principalmente para a Europa. No entanto o saldo foi reduzidamente positivo. Contabilizando os nascimentos vivos e os óbitos existiu um aumento de 73 indivíduos. Após um decréscimo de 600 indivíduos, existiu nos dez anos que sucederam alguma estabilização. Os dados preliminares dos Censos 2011 estão ainda pouco trabalhados, no entanto permitem perceber que ocorreu uma diminuição da população em 10,4% entre 2001 e 2011. Este valor revela-se preocupante sobre a questão da desertificação do município. O concelho de Penacova (Nut III) insere-se na Região Centro – Baixo Mondego (Nutt II) e esta perdeu, entre 2001 e 2011, 1,44% da sua população. Assim, verifica-se que Penacova não está a fomentar atractividade na fixação da sua população. Os movimentos pendulares, que representavam grande parte das movimentações da população para Coimbra, tornando os concelhos limítrofes regiões dormitório, não estão também a promover a fixação da população de Penacova. Os dados definitivos dos Censos 2011 irão permitir perceber concretamente as causas deste valor negativo. Será também possível saber qual a evolução da pirâmide etária do concelho. Sabe-se que em 2001 a pirâmide tinha a sua base mais estreita que o centro. Significa que a reposição das gerações não está a acontecer. Ocorreram menos nascimentos e a esperança média de vida aumentou nas mulheres de 80,8 em 2001 para 81,6 anos em 2007 e nos homens de 74,3 em 2001 para 75,5 anos em 2007. Significa que a população está a envelhecer. A soma da população jovem com a população idosa representava em 1970 41% e em 2001 34,1% do total. Estes dados são enganadores, pois sabendo que o número de nascimentos vivos por mil mulheres com idades entre os 15 e os 49 anos reduziu de 73,24 em 1970 para 36,63 em 2001, será muito importante analisar os dados finais dos censos de 2011 e verificar se tendência é de redução. A verificar-se esta situação é previsível que antes de 2050 a pirâmide tenha o aspecto de um cogumelo e isso será a prova de que o estrangulamento na base produzirá efeitos de futuro muito prejudicais na estrutura populacional, social e económica.
A pirâmide etária da população de Penacova tem as características de um país desenvolvido em que naturalmente a taxa de natalidade é reduzida, o número de adultos é superior aos jovens e a esperança média de vida é grande. Estes valores acarretam um esforço sócio-económico maior porque o envelhecimento da população aumenta os encargos com reformas e pensões e faz aumentar as despesas com a saúde. Em consequência da redução de nascimentos, o grupo etário dos adultos sofre uma sobrecarga pois é a parte activa da população. Por fim a sociedade perde dinamismo por não conseguir efectuar a reposição das gerações.
Oportunamente os censos de 2011 serão a fonte de informação que ajudará à confirmação de tudo o que foi apresentado e darão um óptimo contributo no encaminhamento das decisões sobre a promoção de medidas de combate ao envelhecimento da população.

PAULO CUNHA DINIS