Caminho na
retaguarda do tempo. Conto as pedras soltas da praia exposta ao mar do norte na
tentativa de encontrar o número par, que justifique a minha existência.
Ambiciono fugir da tua loucura diária… de colocares tudo nos mesmos lugares de
sempre, alinhado por épocas e momentos do menos para o mais importante, como se
tudo fosse interligado pela medida ordenada.
Nada pode ficar
fora do contorno estabelecido. Nada é uma parte de um todo e nem o teu todo é a
súmula das nossas partes.
Mostro na palma
da mão uma perspectiva possível do objecto que nos pode unir. É um laço que perpétua
a relação e a mantém viva. Pouco vale… há engrenagens. Se virar a mão para te
mostrar tudo isso irás ver que virada ao contrário simboliza aquilo que não
procuras… pode transformar-se num desalento!
Alimento as
energias com a vontade de ir mais além, numa tentativa…, quase frustrada, de
saltar a margem e me tornar um persistente nesta sociedade com laivos de
perdição individual.
Estes dedos que
trauteiam a música que ouvimos juntos querem agarrar algo sólido, que seja possível
transformar no futuro sobre a cristalização do passado. Que seja possível representar
a fuga evolutiva de tudo o que somos e dos caminhos que tivemos de construir
para aqui chegarmos. E olhamos o céu com intenção de lá encontrarmos o guia, de
lá vermos o conforto dos exemplos já experimentados.
Sabemos as
semelhanças que existem. Sabemos as possibilidades de marcar o presente com os
pilares do futuro, no entanto olhamos o céu na esperança de lá vir a sair o
escrutínio ideal capaz de nos substituir na reconstrução do futuro, que nossos
pés irão pisar.
Fecho o punho.
Escondo uma imagem que não conheço. Vasculho as memórias. Transporto-me
psicoticamente neste vaivém de tentativas. Nada me é familiar. Nada me surge
ordenado e tudo se atira a mim como inimigo do conforto das representações do
quotidiano. Desmanchou-se o exército de terracota. Alguns pedaços de barro têm
as arestas cortantes. Parece defenderem-se da mão grande sobranceira. Olho dentro
deste cenário como um estranho que tropeçou nele e por nada se compromete com a
reconstrução do trilho.
A linha
longínqua que imagino ver no horizonte (de olhos fechados nada vejo e tudo
posso criar) torna-se rapidamente na âncora do desejo frenético de sair a
galope e sorrir.