terça-feira, 20 de agosto de 2013

OPINIÃO - O Esforço pelo Horizonte

 O Horizonte será a linha divisora entre o trajeto traçado e a caminhada a percorrer. Este interregno de tempo é uma incógnita sobre as condições sociais, políticas e económicas de futuro.
           
            É complexo caracterizar uma reflexão irrefutável à eficiências das medidas escolhidas para arrancar o país e a sociedade do mergulho recessivo para o qual (aparentemente) nos dispusemos. Olho o conjunto dos meus compromissos e não encontro ligeireza no comportamento para prever no passado que a atualidade seria de desprezo das estruturas de governo pelos contratos (materiais e sociais) e que, após a abrupta imposição de uma nova realidade, me imputassem uma fatura endossada em segunda instância para o meu nome e que por incúria da política interna e da conjuntura globalizante olhe o espelho e por trás da primeira imagem vejo um infinito de rostos públicos e desconhecidos, totalmente responsáveis, que me empurram para a charneira da fila dos pagantes.
Aguentar é uma característica orgulhosa. A resistência acompanha o povo e se, o esclarecimento imediato pode ser-lhe uma condicionante, já o mediato é  um fortalecimento das fronteiras entre o justo e a usurpação. O constrangimento financeiro dos últimos dois anos ultrapassa as estimativas. Hoje tornou-se insuportável após o desvendar dos lucros com as ajudas dadas por alguns dominantes europeus. A continuidade no caminho restritivo e da acusação de despesismo vai ao encontro de interesses alheios e que estão camuflados pela necessidade de reformas internas.
É incontestável que a gerência das contas públicas beneficiou um grupo restrito sem ponderar a abrangência das perdas. Os poucos que acederam às vantagens procuram distorcer o rosto da responsabilidade. Porem, amanhã olharei o mesmo espelho. Os rostos serão menos desconhecidos e para que tal aconteça estarão implícitas a resiliência e a dúvida sobre o real valor do esforço. O discurso público esvazia-se a cada declaração sem que as reformas em curso se mostrem objetivas. Os retalhos das diretivas do dia-a-dia não estabelecem bases consistentes para o futuro, porque os cortes são seletivos e muitas das regalias e gastos instalados irão manter-se. Tão pouco continuam justificáveis quando a riqueza da nação é escassa e os bons exemplos de outros europeus mostram uma melhor utilização do bem público, demonstrando que o ser dirigente não descende do Olimpo.
A penetração dos interesses externos condiciona as decisões dos nossos dirigentes. No entanto, tudo isto é marcado episodicamente pelo forte descompromisso do cidadão com a representatividade através do direito/poder de voto, tão desprezado com a crescente abstenção e numa aparente ligeireza de comportamento.
É urgente que a participação individual rume no sentido da intervenção pela defesa direta do bem comum e do bom governo, o que naturalmente se traduzirá numa construção coletiva de controlo e fiscalização daqueles que nomeamos para nos representarem.