terça-feira, 21 de agosto de 2012

SUBLIMAÇÃO


Estou numa luta para não escrever uma palavra “feia”… porque quero, mas sinto nas minhas entranhas que esta palavra não preenche os cânones de um enquadramento convencional na transmissão de boas ideias. Nem sempre estamos baseados em algo explicado á luz da boa convivência social e mesmo…

Lutamos por sermos… sermos simplesmente sem subterfúgios, sem imaculadas presenças na vida de outros porque não existimos para sermos outros, não existimos para que nos façam imagens plasticinadas de cores amareladas pelo tempo, que rodopiaram pelo pensamento de um qualquer que pretenda um dom de midas e tocar a magnitude da vida alheia… alheia às pertenções individuais.

Pelas minhas extremidades soltam-se repulsas evaporadas, que exprimidas nada valem, no entanto proferidas por alguém que consideramos ter uma genética quase igual fazem doer. Não uma dor simples e natural, antes aquela que provoca um esfreganço momentâneo… mas que irá perdurar muito mais do que a memória poderá comportar. Será algo, que mastigado não manifestará algum sabor, pois a importância será relativa e nada construtiva.

Tivesse a magnitude capaz de me iluminar simplesmente com um indicador… teria de certo várias cores da imagem que me mostram a negro. Já não me lembro da palavra que serviu de mote para esta dicotomia. Se não há recordação será porque tem um ínfimo valor patrimonial, não confundamos a matéria com outra valia mais profunda!

Tivesse eu a capacidade volátil… alcançasse asas reais, mesmo fustigadas por nuances do enraizado complexo de Édipo e sombreadas pelo ímpeto de Nero, não queimaria nem Roma nem Pavia, não me substituiria por um qualquer pai, reuniria reflexos em retrocesso dos passos calados e quietos de quem premeia a virtude acessível, pouco transpirada, e iria colocá-los às portas de elfos.

Gostaria que a beleza se transformasse numa sensível fertilidade… de exemplos capazes de se envolverem pelos espaços naturais resplandecendo o belo sob a terra, sobre as florestas e que os arqueiros se transformassem nos guias transversais das pegadas que ainda teremos de cravar no solo barrento deste nosso planalto.

Tivesse eu ainda alma neste momento… gritaria alto um murmúrio abafado que escorre pelas artérias, que me faz esmorecer o Cérebro e embeber de compaixão, quando não tenho apetência esclarecida sobre a validade… quem percorre as vãs carreiras hexagonais de um favo de colmeia abandonado nada mais encontra que algo semelhante ao labirinto de Creta.

Encontrei no meu bolso o fio esticado que irá derrotar Dédalo e escapar ao Minotauro… só me resta saber se me está reservado o desempenho de Teseu… e para assim ser capaz de iniciar a fuga às trevas, reencontrar e vislumbrar o renascimento pessoal.

Também neste contexto… eu quero a minha superação, o encontro da verdade e de um opus sublime!