terça-feira, 7 de agosto de 2012

UMA VIDA


Uma vida!

Uma vontade!

Uma força revelada num olhar vago de quem procura um sentido onde não é possível encontrá-lo. A esperança não tem aqui lugar.

Não consigo. Não tenho a chave das amarras.

Não posso!

Não quero acreditar numa medida igual. A oportunidade de viver é diferente. Na existência alheia a todas as engrenagens da vida leiloamos os nossos dias numa roleta de pouca sorte. Os ditames traçados vão mais longe do que o entendimento pode alcançar.

O conforto já não é procurado no divino. Porque se existe é cruel. É cruel por fazer sofrer um ser mais do que a sua capacidade aguenta. A conciliação e a pacificação são difíceis. A revolta impotente cresce no olhar. Paira no ar um encerramento de muitos capítulos. Alguns recordados com prazer carregam a saudade e o vazio futuro. As memórias perpetuam antes do tempo em que seriam autorizadas a manifestarem-se.

Temos vida, temos xisto negro, angústia e a areia escorrega para o outro lado da ampulheta. Tivesse eu força e poder para a virar antes do último grão. Conseguisse a metamorfose de mariposa daria a tantos outros a felicidade impossível de ver neste olhar.

Resta… resta muito pouco. Nem a resignação tem lugar aqui.

Não consigo.

Sou impotente perante ela… a última batalha continua a ser dela.

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