Uma vida!
Uma vontade!
Uma força revelada num olhar vago de quem procura um sentido
onde não é possível encontrá-lo. A esperança não tem aqui lugar.
Não consigo. Não tenho a chave das amarras.
Não posso!
Não quero acreditar numa medida igual. A oportunidade de
viver é diferente. Na existência alheia a todas as engrenagens da vida
leiloamos os nossos dias numa roleta de pouca sorte. Os ditames traçados vão
mais longe do que o entendimento pode alcançar.
O conforto já não é procurado no divino. Porque se existe é
cruel. É cruel por fazer sofrer um ser mais do que a sua capacidade aguenta. A
conciliação e a pacificação são difíceis. A revolta impotente cresce no olhar.
Paira no ar um encerramento de muitos capítulos. Alguns recordados com prazer
carregam a saudade e o vazio futuro. As memórias perpetuam antes do tempo em
que seriam autorizadas a manifestarem-se.
Temos vida, temos xisto negro, angústia e a areia escorrega
para o outro lado da ampulheta. Tivesse eu força e poder para a virar antes do
último grão. Conseguisse a metamorfose de mariposa daria a tantos outros a
felicidade impossível de ver neste olhar.
Resta… resta muito pouco. Nem a resignação tem lugar aqui.
Não consigo.
Sou impotente perante ela… a última batalha continua a ser
dela.
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